quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Amigos? Que amigos?


Olá Pessoal,

No último domingo assisti a uma entrevista da comediante e atriz Claúdia Rodrigues, foi uma matéria impactante, onde em muitas coisas que ela disse, ao relatar sua luta contra a Esclerose Múltipla teve uma frase que me chamou a atenção: "Amigos? Que amigos?", foi a resposta dada por ela quando o entrevistador perguntou sobre o início das crises e a descoberta da doença. O início de muitas situações na nossa vida é bem difícil, principalmente se for o início de uma vida com alguma enfermidade, algo contrário a todos os planos e projetos que você fez e pior ainda se a doença tem um diagnóstico desfavorável. Mas ao imaginarmos este cenário, no meu caso nem preciso imaginar, pensando no momento da vida de uma pessoa em que ela recebe a notícia de que é portadora de uma doença incurável, logo imagina-se que essa pessoa está rodeada de amigos e pessoas que vão junto com ela enfrentar essa batalha, não é mesmo?

Ledo engano, no começo pode ser que você conte com a ajuda de algumas pessoas, mas a trajetória e agora refiro-me a Paramiloidose, é muito longa, a caminhada é difícil, mas não impossível é necessária muita paciência, perseverança e acima de tudo fé, mas nem todas as pessoas estão dispostas a pagar um preço, principalmente se for em benefício único e exclusivo de outra pessoa, excepto claro se essa pessoa for alguém que você ame incondicionalmente, caso contrário o seu grupo de amigos vai sendo renovado a cada ida ao hospital, a cada internação e por fim permaneceram as pessoas e familiares destas com o mesmo diagnóstico e a sua família. É ótimo estar rodeado de pessoas que gozam de plena saúde, mas ninguém fica doente porque quer, acontece e não somos donos do nosso destino para determinar o que acontecerá com nosso futuro, existem situações alheias a nossa vontade que surgem e aprendi que é muito melhor enfrentar e é sim possível viver bem e feliz mesmo em meio a tanta dor e sofrimento, é possível.

Isso me lembra uma conversa que tive recentemente com uma profissional da saúde aqui em Portugal, ela não acompanha o Fernando diretamente, mas sempre que nos encontramos me pergunta sobre o atual estado de saúde dele. O Fernando teve recentemente uma série de complicações, nada relacionado ao transplante, mas algumas constipações e infecção que foram seguidas de uma perda de peso considerável e por incrível que pareça todas as vezes em que conversamos ela lembra de tudo que eu havia dito na conversar anterior, não esquece de nenhum detalhe, não é nossa amiga, mas o cuidado com que fala me deixa encantada, isso porque alguns dos nossos "amigos" nem sequer se lembram do nome Paramiloidose, quanto mais do que você conversa com eles, tem pessoas que a gente encontra e todas as vezes perguntam a mesma coisa e você tem que repetir e a pessoa tem uma reação de como estivesse ouvindo pela primeira vez esta história.

As pessoas não tem nenhuma obrigação de viver a sua vida, ou os seus problemas, mas o que me deixa tão indignada é que ou escolhemos as pessoas erradas para chamarmos de "amigos" ou então é uma situação muito comum e aqui acredito ser a última opção, não só por ter experiências pessoais, além da reportagem que relatei no início desta postagem como também em conversas com outras pessoas que vivem situação idêntica a nossa. Estamos nos tornando pessoas cada dia mais apáticas, egoístas e  mesquinhas, o amor ao próximo está sendo substituídos por ter, as pessoas querem ter coisas, por fazer, as pessoas também querem fazer coisas legais, programas legais, jantares legais, mas nada, absolutamente nada que fuja do comum. Um jantar com alguém que tem uma série de restrições alimentares, não é legal, uma passeio com uma pessoa que não consegue caminhar longas distâncias e se cansa com facilidade, definitivamente não é legal, então se você não está no círculo do legal/normal/comum, obvio você será excluído.

Agradeço a Deus pela tecnologia, afinal foi através dela que conseguimos encontrar um caminho onde o Fernando pudesse levar a vida que tem hoje e chegar onde chegamos, mas o mundo virtual é ilusório, pode parecer clichê, mas é verdade, acredito que adicionamos tantas pessoas diariamente nas nossas redes sociais por não termos capacidade de cultivar verdadeiros amigos, de ter tempo de qualidade com nossa família, até mesmo porque é mais fácil escrever do que falar e sei que é muito mais divertido ler uma piada que não acrescenta nada na nossa vida  do que ler um post como este.

Segue o link da reportagem com a Claúdia Rodrigues:
.http://noticias.r7.com/domingo-espetacular/videos/claudia-rodrigues-abre-o-coracao-e-fala-sobre-depressao-e-a-luta-contra-a-esclerose-multipla-10082015

Um abraço,
Hérika Teles.



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